Combustível, dessa vez, faz inflação recuar

Postado por Ricardo Schwalfemberg

 Depois de meses  empurrando a inflação para  cima, os combustíveis fizeram  o IPCA recuar  em maio. O índice que  orienta o sistema de metas de  inflação do governo ficou em  0,47% no mês passado contra  0,77% em abril, informou ontem  o IBGE. Mas no acumulado  dos últimos 12 meses,  o índice continua em alta. Chegou  em maio a 6,55%.

Globo – RJ – 08/06/2011

Mariana Durão    
 RIO e BRASÍLIA. Depois de meses  empurrando a inflação para  cima, os combustíveis fizeram  o Índice de Preços ao  Consumidor Amplo (IPCA) recuar  em maio. O índice que  orienta o sistema de metas de  inflação do governo ficou em  0,47% no mês passado contra  0,77% em abril, informou ontem  o IBGE. Somente no preço  do álcool, a queda foi de  11,34%, depois de alta de  11,20% em abril. Período de  safra que aumentou a oferta do  produto e uma ação do governo,  usando a distribuidora  BR para conter os preços, explicam  a queda. Mas no acumulado  dos últimos 12 meses,  o índice continua em alta. Chegou  em maio a 6,55%. Além de  ser o maior resultado desde os  6,57% de julho de 2005, o índice  supera o teto de 6,5% da  meta oficial do governo pela  segunda vez em 2011. No ano,  o IPCA foi de 3,71%, o maior  para o período desde 2003  (6,80%).  Serviços pressionam o índice  e sobem 8,54% em um ano  No atacado, os preços também  estão em queda. O Índice  de Preços ao Produtor A  mplo  (IPA), componente principal do  Índice Geral de Preços – Disponibilidade  Interna (IGP-DI) foi  negativo em 0,63% em maio, depois  de subir 0,24%. O índice  completo ficou em 0,01%. O indicador  é medido pela Fundação  Getulio Vargas (FGV).  — Temos quedas de matériasprimas,  de combustível, de alimentos  e intermediários. Foi algo  bem disseminado — disse Salomão  Quadros, da FGV.  A avaliação do mercado é que  o resultado, tanto do IPCA quanto  do IGP-DI, já era esperado e,  portanto, não deve influenciar a  decisão do Comitê de Política  Monetária (Copom) na reunião  de hoje. A expectativa é de que a  taxa básica de juros (Selic) suba  0,25 ponto percentual, para  12,25% ao ano.  — É cedo para comemorar e  o Banco Central (BC) tende a  manter a guarda alta e um discurso  mais duro. A alta de 0,25%  hoje deve ser uma decisão unânime  — diz o economista Elson  Teles, da Máxima Asset, que  espera mais dois a três altas na  Selic no ano.  Em sua avaliação, para efeito  de política monetária é importante  que o BC olhe mais  para os núcleos (que excluem  as altas e baixas mais expressivas,  apontando a tendência  da inflação) — cuja média, calcula,  ficou em 0,59% — para  buscar a tendência e evitar a  volatilidade de alguns itens.  Luiz Roberto Cunha, economista  da PUC-Rio, concorda  com Teles. O IPCA menor não  mudará os rumos da reunião  do Copom hoje:  — Ainda há preocupações como  os dissídios no segundo semestre  e o reajuste de 14% do  salário mínimo em 2012.  O economista Cristiano Souza,  do Santander, alerta para a  pressão do setor de serviços.  — O índice de difusão  (quantidade de produtos com  preços em alta) saiu de 59,4%  em abril para 64,8%. Além disso,  a alta nos serviços está em  8,54% em 12 meses, sem trégua  desde fevereiro. Mesmo em  2008, um ano muito aquecido,  essa taxa rodou a 5,2%. Isso  mostra que há uma pressão  direta da demanda — diz.  No mês de maio, segundo  Eulina Nunes, coordenadora  do Sistema de Índice
  de Preços  do IBGE, além da safra, que  aumentou a oferta de álcool, o  preço alto também afastou os  consumidores:  — Houve também um efeito  na demanda, já que preços altos  desestimulam o consumo.  Os alimentos por sua vez  subiram 0,63% em maio, acima  do índice geral e dos 0,58% de  abril. Os destaques foram os  preços do tomate (de -18,69%  para 9,41%) e leite pasteurizado  (de 2,66% para 3,15%).  No ano, apesar da retração  mensal, os combustíveis mantiveram  a trajetória de alta iniciada  em outubro de 2010. Por  conta disso e da concentração  de reajustes de preços dos  ônibus urbanos no início do  ano, o grupo transporte já responde  por um quarto do IPCA  no ano. Somados, alimentação  e transporte, onde se concentra  o consumo das famílias,  são 46% da inflação do ano.  — A boa notícia é que a  queda dos combustíveis deve  continuar em junho. As coletas  e o IPA-Agrícola também mostram  que os preços dos alimentos  tendem a desacelerar  em junho — diz Cunha  Alív  io na equipe econômica  com IPCA mais baixo  A equipe econômica respirou  aliviada com a divulgação do  IPCA e do IGP-DI. Os números, na  avaliação dos técnicos, confirmam  as projeções oficiais de que  o segundo trimestre marcaria o  início do declínio da taxa de  inflação, permitindo a convergência  para a meta no primeiro  semestre de 2012. Mas isso não  deverá mudar a orientação da  política de juros e nova alta da  Taxa Selic é esperada hoje.  — O IPCA veio excepcionalmente  muito bem, já mostrando  que a inflação está se  dissipando e convertendo para  a meta em 2012. Não ficará  de maneira alguma fora da  banda de tolerância — comemorou  o secretário de Política  Econômica do Ministério da  Fazenda, Márcio Holland.  A equipe econômica esperava  IPCA entre 0,3% a 0,4%. –  COLABORARAM Martha Beck e  Patrícia Duarte, com agências  internacionaiO

Globo – RJ – 08/06/2011

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